segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Parágrafos de desenvolvimento da dissertação - Estratégias argumentativas
Olá, pessoal,
Encontrei um material muito bom sobre Estratégias Argumentativas. Falei AQUI sobre a Introdução e agora, NESTE LINK, você encontrará material para continuar sua redação, ou seja, fazer os parágrafos de desenvolvimento.
Após a leitura, é importante que você tente fazer os seus parágrafos de desenvolvimento.
Bom trabalho.
Encontrei um material muito bom sobre Estratégias Argumentativas. Falei AQUI sobre a Introdução e agora, NESTE LINK, você encontrará material para continuar sua redação, ou seja, fazer os parágrafos de desenvolvimento.
Após a leitura, é importante que você tente fazer os seus parágrafos de desenvolvimento.
Bom trabalho.
quinta-feira, 6 de novembro de 2014
Vamos redigir?
Tema para dissertação:
Consumo
consciente da água
Como vimos em São Paulo e
nordeste neste ano, o Brasil tem enfrentado sérias crises de falta
de água. A que pode ser atribuído esse fato? Seriam as mudanças
climáticas? Desmatamentos? É possível amenizarmos a escassez de
água? Como melhorar a gestão da água e reduzir seu consumo
Diante
desta realidade, redija
um texto dissertativo-argumentativo com o tema: Consumo
consciente da água.
Para este trabalho, reúna
argumentos com leitura do material abaixo:
Leia aqui.
Leia aqui.
Leia aqui.
Veja redações corrigidas
sobre este assunto neste site.
Obs.:
Se você é aluno do CEEJA de Espigão do Oeste, leve seu texto para
os professores corrigi-lo.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
2 - Como planejar um texto dissertativo
Vamos a mais uma postagem sobre texto dissertativo. Hoje falaremos sobre o parágrafo introdutório.
Antes de começar um texto, lembre-se de uma coisa:
Parágrafo introdutório
"Eu não sei como começar a minha
redação". Quantas vezes você já não disse isso?
É verdade. Essa tarefa pode tornar-se difícil,
se você não parar um pouco para pensar sobre o que vai escrever,
principalmente se você tem de produzir um artigo de opinião. Como
você já sabe, em um artigo de opinião você expõe o que pensa
sobre determinado assunto, com a intenção de convencer os leitores
de seu texto a aderir à sua ideia. Portanto, é fundamental escolher
bem seus argumentos, caso contrário, não conseguirá essa adesão.
O parágrafo introdutório é o norteador de toda a
estrutura dissertativa, aquele que carrega uma ideia nuclear a ser
utilizada de maneira pertinente em todo o desenvolvimento do texto. A
introdução deve ser feita em apenas um parágrafo (nunca mais que
um) e deve conter aproximadamente 5 linhas.
Para encontrar uma maneira interessante de iniciar seu
texto, é importante que você pense previamente sobre tudo o que
pretende escrever. Faça-se as seguintes perguntas:
- O que penso sobre esse assunto?
- Que ideias tenho a respeito dele?
- Quais as causas disso?
- De que forma isso acontece?
- Em quais setores?
- Quais as conseqüências disso?
- O que pode ser feito para sanar o problema?
Se, ainda assim, a ideia para
iniciar seu texto não lhe vier à mente, se
lhe faltarem as palavras, faça uso de algum
dos seguintes artifícios:
1. Apresente uma afirmativa
e já dê pistas de que discordará dela, ou amplie-a, revelando uma
outra abordagem para ela.
Ex.: Mais flexível que outros povos, o brasileiro
consegue, com um jeitinho aqui, outro ali, sair--se bem das mais
diferentes situações. Conhecido internacionalmente, o jeitinho
brasileiro faz parte da identidade nacional e, para a grande maioria,
é motivo de orgulho. O que se percebe, no entanto, é que essa
característica, em lugar de ser incentivada e elogiada, deveria ser
abolida, pois está associada, no Brasil atual, a relações muito
pouco honestas e respeitosas.
2. Apresente uma afirmativa
e dê pistas de que apresentará os pontos positivos e os pontos
negativos dela.
Ex.: Mais flexível que outros povos, o brasileiro
consegue, com um jeitinho aqui, outro ali, sair-se bem das mais
diferentes situações. Conhecido internacionalmente, o jeitinho
brasileiro faz parte da identidade nacional. Se, por um lado, essa
característica revela a criatividade e a picardia do povo
brasileiro, por outro, pode ser avaliada negativamente, pois traz
sérias implicações éticas no que se refere à vida política e às
relações pessoais no cotidiano.
3. Apresente
uma afirmativa e discorra sobre ela, confirmando-a.
Ex.: Mais flexível que outros povos, o brasileiro
consegue, com um jeitinho aqui, outro ali, sair-se bem das mais
diferentes situações. Conhecido internacionalmente, o jeitinho
brasileiro faz parte da identidade nacional e é motivo de orgulho.
Ele revela criatividade, tolerância e capacidade de lidar com os
imprevistos.
4. Apresente
uma afirmativa e relativize-a, questione-a.
Ex.: "Uma nova geração de profissionais está
assumindo cargos importantes dentro das empresas brasileiras.
Tecnicamente bem qualificada, essa geração tem ocupado rapidamente
o nível médio das organizações. Enquanto isso sonha com o topo.
Mas será que qualificação técnica será suficiente no
futuro?" (VOCÊ S.A. jul. 2001, p. 23.)
5. Apresente um
fato e dê pistas de que abordará as causas dele.
Ex.: Nove milhões de brasileiros vivem em bolsões de
pobreza. O direito humano a uma alimentação adequada, à moradia, à
saúde é desrespeitado todos os dias neste Brasil de contrastes. A
falta de sensibilidade política, social e ética, evidente nas
políticas estabelecidas em gabinetes, e a impunidade em relação
aos que desviam os recursos do país são as principais causas da
violação desse direito.
6. Apresente
uma afirmativa com base numa ocorrência (condição) que pode
embasar sua argumentação.
Ex.: Se, com dezesseis anos, os jovens podem, por meio
do voto, decidir o destino da nação e são considerados maduros o
suficiente para escolher uma profissão para o resto da vida, nos
exames vestibulares, deveriam ter também direito a dirigir, uma vez
que o grau de responsabilidade decorrente dessas ações é o mesmo.
Fonte: http://www.tudonalingua.com/news/disserta%C3%A7%C3%A3o-texto-introdutorio%E2%80%93-como-fazer-/
Bons estudos e aguarde as próximas postagens sobre DISSERTAÇÃO.
Funções da linguagem - Questões de ENEM
1)Questão
127 – Enem 2012 – Prova amarela
Desabafo
Desculpem-me,
mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente
não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de
segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à
noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica.
Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso.
Estou zangado.
CARNEIRO,
J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
Nos
textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias
funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre
as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem
predominante é a emotiva ou expressiva, pois
A)
o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
B)
a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
C)
o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
D)
o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
E)
o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da
comunicação.
2)Questão
97 – Enem 2010 – Prova azul
A
biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres
vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem
ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem
múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro
dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE,
M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Predomina
no texto a função da linguagem:
A)emotiva,
porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.
B)fática,
porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.
C)poética,
porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
D)conativa,
porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
E)referencial,
porque o texto trata de noções e informações conceituais.
3)Questão
99 – Enem 2010 – Prova azul
S.O.S
Português
Por
que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita?
Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas
perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o
que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento
de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino
restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a
preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar
as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da
língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos
conta disso.
S.O.S
Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr.
2010 (fragmento adaptado).
O
assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi
publicado em uma revista destinada a professores. Entre as
características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas
linguísticas próprias do uso:
A)regional,
pela presença de léxico de determinada região do Brasil.
B)literário,
pela conformidade com as normas da gramática.
C)técnico,
por meio de expressões próprias de textos científicos.
D)coloquial,
por meio do registro de informalidade.
E)oral,
por meio do uso de expressões típicas da oralidade.
Gabarito
1)B
A
função emotiva ou expressiva é predominante no texto pois os
sentimentos do autor se sobrepõem ao conteúdo informativo.
Percebemos isso pela emoção do eu-poético que, já no título, diz
se tratar de um desabafo, e no final do texto, fala de seu
nervosismo.
2)E
O
texto conceitua de forma científica a biosfera e as unidades menores
que a compõem, os ecossistemas.
3)C
O
texto é marcado pela função metalingüística, uma vez que
apresenta alguns termos técnicos dessa área, como língua, fala e
código.
Adequação linguística - Questões de ENEM
Linguagem coloquial, popular, formal, informal
Observe
como a questão da adequação linguística já foi abordada na prova
de Linguagens e Códigos do Enem:
Questão
127, Enem 2010 (Abordagem sobre a norma culta)
Venho
solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja
conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima da
juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se
levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas
funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao
que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada
menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também
já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um
ano, é provável que em todo o Brasil estejam organizados uns
200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados
da saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão
presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos
rudes e extravagantes.
Coluna
Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.
O
trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José
Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da
República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de
Fuzueira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem
a)
regional, adequada à troca de informações na situação
apresentada.
b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol.
c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum.
d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.
e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.
b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol.
c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum.
d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.
e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.
Questão
106, Enem 2013:
(Abordagem
sobre a norma popular)
Até
quando?
Não
adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio
de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).
As
escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto:
a)
caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.
b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.
Questão
127
Gabarito:
Alternativa “d”.
Comentário
da questão:
O
texto é elaborado em linguagem culta, já que se trata de uma carta
dirigida ao Presidente da República. Vemos, assim que a finalidade
do texto justifica a escolha da linguagem.
Questão
106
Gabarito:
Alternativa “d”.
Comentário
da questão:
A linguagem coloquial é mais espontânea. Essa característica é
percebida também nas músicas de rap.
Crase
Usamos o acento denotativo da crase, diante de locuções
femininas. Abaixo, segue uma lista das mais usadas.
Observações:
(1) À medida que” e “À proporção que” são locuções
conjuntivas. As demais são adverbiais.
(2) A única locução adverbial que não9 leva crase é “a
distância”. Entretanto, se vem determinada (...à distância de
mil metros) trata-se de locução prepositiva e, nesse caso, será
craseada.
(3) Em “à vista” e “à prestação” usa-se crase por força
de tradição de seu emprego.
Exercícios
Nas frases seguintes, use o acento denotativo da crase, quando for o
caso. Além das locuções femininas, outros casos estudados
anteriormente serão cobrados no exercício.
a) A sua volta para a cidade trouxe alegria a seus amigos.
b) Quando percebeu que não havia mais ninguém a sua volta,
sentiu-se abandonado.
c) A princípio não se sentiu confortável.
d) As ordens do diretor foram cumpridas.
e)Quando abriram as portas, os funcionários estavam as ordens para
atender a clientela.
f) A tarde ensolarada fez com que todos saíssem as ruas.
g) A sua vontade de viver tem sido decisiva par a sua recuperação.
h) Sabemos que venceu porque fez valer a vontade interior.
i) Sentada a vontade dava a impressão de que não se interessava
pelo assunto.
j) Resolveu que a partir daquele dia agiria as claras.
k) As lembranças se tornam mais fortes, quando brilham as claras
tardes de verão.
l) As vezes que corri ao prêmio, nem lhe conto.
m) As vezes, para ganhar, é preciso perder antes.
n) Maria fazia as vezes da professora.
o) A distância a percorrer era de 300 metros.
p) Estávamos a distância de 300 metros.
q) Vi-o a distância.
Tente fazer este exercício, depois confira suas resposta no GABARITO aqui.
Boa sorte.
Achei neste site uma postagem interessante sobre esse conteúdo.
Estudo com Humor
Veja nos comentários a resposta.
Achei neste site uma postagem interessante sobre esse conteúdo.
Estudo com Humor
a) No primeiro quadrinho temos a expressão "a primavera" e no segundo quadrinho temos a expressão "à primavera". Qual o sentido de cada expressão?
1º).............................................................................................................................
2º) ............................................................................................................................
b) No terceiro quadrinho, a que conclusão Mafalda chegou?
..................................................................................................................................
Veja nos comentários a resposta.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014
Resenha de Conto: A Cartomante, de Machado de Assis
Páginas: 7
Sinopse:
A cartomante é a história de um triângulo amoroso. Depois de anos de distância, Vilela reencontra o amigo Camilo e apresenta-lhe sua esposa, Rita. Paixão, traição e adultério fazem parte desta trama, que tem uma cartomante como personagem chave, selando o destino dos três.
A trama se desenvolve com três amigos: Camilo (protagonista), o Vilela e a Rita. Vilela e Rita são casados. Porém a jovem senhora (supersticiosa) mantém um caso amoroso secreto com Camilo, um cético
(pelo menos a primeira vista).
Quando Camilo recebe um bilhete de seu amigo
Vilela pedindo que fosse às pressas a sua casa, o protagonista
decide consultar a misteriosa Cartomante (a quem Rita confia) a fim de acabar com a suspeita de que Vilela, de
alguma maneira, tenha descoberto seu romance com Rita.
O final é surpreendente!
Leia o conto aqui.
1 - Trabalhando o texto dissertativo
Pessoal, pretendo fazer aqui uma sequência de postagens que os orientem sobre o planejamento de um texto dissertativo. Mas, antes de iniciarmos nosso estudo sobre texto
dissertativo-argumentativo, leia atentamente as informações abaixo:
Existe
diferença entre texto expositivo e texto argumentativo?
A resposta para essa pergunta é sim. Há texto em que o
autor apenas expõe informações sobre um assunto e, nesse caso,
temos o texto dissertativo-expositivo.
Entretanto, quando, além de expormos informações acerca de um
assunto, nosso intuito é convencer o leitor, persuadi-lo a concordar
com a ideia ou ponto de vista exposto (isso se faz por meio de várias
maneiras de argumentação, utilizando-se de dados, estatísticas,
provas, opiniões relevantes, etc), temos, então o texto
dissertativo-argumentativo.
Compare os textos que seguem:
Texto 1:
O que é
Filosofia?
A Filosofia é um
ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja
pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na
cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos
conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais
como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia
tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na
Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc.
XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na
Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a
Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa
a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do
mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma
análise da assim considerada primeira proposição filosófica.
(...)
Acesso em 19
set.2014.
Nesse texto, o autor apresenta informações sobre o
assunto Filosofia por meio do uso de uma linguagem precisa, objetiva
e impessoal. O objetivo é fazer com que o leitor considere as ideias
coerentes e não fazê-lo concordar com elas. Trata-se, portanto de
um texto dissertativo-expositivo.
Os caminhos e
os novos desafios do sindicalismo no BrasilFatores
como a flexibilização das relações de trabalho e as novas formas
de gestão provocam o parcial desmantelamento dos sindicatos, que vem
buscando novas alternativas de intervenção, negociação e
organização para se manterem atuantes
Mercado de
trabalho
Em meados do
século XVII, a Inglaterra fez a sua Revolução Industrial. A partir
desse momento, o mundo sofreu profundas transformações de ordem
econômica, política e social. Na ordem econômica, pode-se destacar
a consolidação do capital e, como conseqüência direta desse fato,
a nítida separação entre os donos do capital (donos dos meios e
modos de produção) e aqueles que vendiam sua força de trabalho em
troca de salários.
Na ordem
política, é possível destacar a ascensão da burguesia industrial
que, juntamente com a burguesia mercantil, deu origem à burguesia
financeira. Juntas, as burguesias, de lá para cá, desenharam os
rumos da política econômica e social do Brasil e do mundo.
Na ordem social,
hoje, de forma ainda mais expressiva, os reflexos são mais
facilmente percebidos. Com o advento e introdução das máquinas no
processo produtivo, o ser humano ficou submisso, perdendo, quase que
totalmente, o domínio das etapas de produção de um bem/mercadoria.
Essa realidade levou o trabalhador a depender da máquina e dos donos
das máquinas.
De lá para cá,
as máquinas se multiplicaram, tanto na sua funcionalidade quanto em
sua quantidade, tornando-se as maiores concorrentes dos trabalhadores
no mundo do trabalho. Cabem aqui alguns questionamentos: seriam as
máquinas as culpadas pelo desemprego? Estaremos caminhando para uma
sociedade sem empregos? Qual o futuro das organizações dos
trabalhadores numa sociedade onde o emprego caminha para a
extinção?(...)
Acesso em: 19
set.2014.
Observe que, neste texto, além de transmitir
informações sobre o assunto abordado, o autor expõe seu
posicionamento sobre alguns fatos. Para isso, o autor utiliza
recursos como a COMPARAÇÃO (1ª linha: há uma comparação entre
o hoje e o tempo passado).
Continuem acompanhando o blog e sigam a numeração desta sequência de postagens sobre DISSERTAÇÃO.
Bons estudos.
E não esqueçam de ler muiiiito. Só assim vocês terão argumentos suficientes para fazer uma boa dissertação.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
A Cartomante
Machado de Assis
Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim;
não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta,
antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me:
"A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a
botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me
esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você
soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim,
não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para
ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em
todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois,
repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e
depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao
entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na rua da Guarda
Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas coisas?
perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que
traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muito cousa misteriosa e verdadeira neste
mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara
tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se,
Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi
supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos
vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e
ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos,
envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não
acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento;
limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava
a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais
que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e
arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia
deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde
morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de
Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda velha, olhando de passagem para a
casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma
aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos
de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo,
contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu
não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869,
voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a
magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de
Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
— É o senhor? exclamou Rita,
estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura.
Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não
desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos,
boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela
vinte e nove e Camilo vente e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer
mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática.
Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no
berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe
intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois
mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do
inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube
ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira
moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femina:
eis
o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo
em si próprio. Liam os
mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo
ensinou-lhe as damas e o xadrez e
jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável,
pouco menos mal.
Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos
de Rita, que procuravam
muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao
marido, as mãos frias, as
atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de
Vilela uma rica bengala de
presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar
cumprimento a lápis, e foi então que
ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os
olhos do bilhetinho.
Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo
menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez
passeaste com a mulher amada, fechadinhos
ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as
cousas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já
não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe
estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e
subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi
curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse
ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de
ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes
um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta
anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos.
Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de
Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão
frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas
cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma
intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada
e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento
de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a
por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três
cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas
despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal
compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta
tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado;
temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita
concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo os
sobrescritos para comparar a letra com a das cartas que lá aparecerem; se alguma for
igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo
Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa
em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar
à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum
negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a
suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas.
Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com
lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição,
recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te
sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido
mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e
a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas
cousas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa;
preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de
um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando na pena e escrevendo o
bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha
medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi
andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe
explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem
descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até
da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A
mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil,
viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso.
Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou
então, — o que era ainda peior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria
voz de Vilela. "Vem já, já à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas,
assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê?
Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o
que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a
cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era
útil. Logo depois rejeitava a idéa, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na
direção do largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a
trote largo.
— Quanto antes, melhor, pensou ele;
não posso estar assim...
Mas o mesmo trote do cavalo veio
agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase
no fim da rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma
carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de
cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da
cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das
cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas
de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não
ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais
emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O
cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que
não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo:
era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas
cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco
moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam
os homens, safando a carroça:
— Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removido o
obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido
sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: "Vem já, já..." E ele via as
contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e
entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no
inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos
extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há
mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia..." Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta;
disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz
era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu
nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a
curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas,
três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela
fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais
escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para os telhados
do fundo. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que
destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da
mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz
de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas
compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de
rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra,
com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o
traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto
afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se
lhe acontecerá alguma coisa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente
ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só
que esperasse. Rápido pegou outra vez as cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos,
de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois
começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma
as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a
um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável mais
cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de
Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na
gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao
espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo
innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe
na testa. Camilo estremeceu, como se fosse mão da própria sibila, e levantou-se também.
A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho
destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que
desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo,
ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele
afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu
ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e
deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
— Vejo bem que o senhor gosta muito
dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranqüilo. Olhe a escada, é
escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na
algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela
embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante alegre com a paga,
tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava
livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras
cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos
seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que
eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que
eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e
gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao
cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao
amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o
incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na
alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado
dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se
ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam
tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria
rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e
afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a
barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam,
com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e
impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela
Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu
dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo,
interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela.
Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os
seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo;
que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as
feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo
não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta
e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o
morto no chão.
Este conto foi publicado originalmente na Gazeta de Notícias - Rio de Janeiro, em 1884. Posteriormente foi incluído no livro "Várias Histórias" e em "Contos: Uma Antologia", Companhia das Letras - São Paulo, 1998, de onde foi extraído. Com esta publicação homenageamos Machado de Assis que, no dia 21 deste, estaria completando seu 172° aniversário.
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