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segunda-feira, 20 de março de 2017

A chegada dos portugueses ao Brasil na ARTE

Encontrei esse material no site www.newsrondonia.com.br .

É uma verdadeira aula sobre história e arte.

HISTÓRIA E ARTE NA CHEGADA DOS PORTUGUESES AO BRASIL

Este paralelo entre a arte, a história e a cultura, especificamente aqui registrado, denota a grandeza de espírito de alguns consagrados pintores brasileiros e europeus, que através de suas singularidades e habilidades particulares, conseguiram deixar relevantes marcas, grudadas eternamente neste Brasil heterogêneo.
Diversos artistas brasileiros e europeus buscaram pintar o coração do Brasil através do imaginário social de suas telas. Segundo Jorge Coli: “A arte tem assim uma função que poderíamos chamar de conhecimento, de aprendizagem. Seu domínio é o do não-racional, do indizível, da sensibilidade: domínio sem fronteiras nítidas, muito diferente do mundo da ciência, da lógica, da teoria. Domínio fecundo, pois nosso contato com a arte nos transforma. Porque o objeto artístico traz em si, habilmente organizados, os meios de despertar em nós, em nossas emoções e razão, reações culturalmente ricas, que aguçam os instrumentos dos quais nos servimos para aprender o mundo que nos rodeia.”

DESCOBRIMENTO DO BRASIL – FRANCISCO AURÉLIO DE FIGUEIREDO E MELO – 1887
Deter-nos-emos aqui apenas a comentar sobre a pintura, importante modalidade artística que também marcou profundamente a história do Brasil. Este paralelo entre a arte, a história e a cultura, especificamente aqui registrado, denota a grandeza de espírito de alguns consagrados pintores brasileiros e europeus, que através de suas singularidades e habilidades particulares, conseguiram deixar relevantes marcas, grudadas eternamente neste Brasil heterogêneo.
Inicialmente, observemos a obra de Aurélio de Figueiredo (1854-1916), que neste sentido a intitula de “Descobrimento do Brasil”. Figueiredo era neto do tradicional músico nordestino Manuel de Cristo, e, portanto, já carregava em si, o sentimento da arte. Nesta obra, a esquadra de Cabral se aproxima do litoral brasileiro de forma gloriosa e neste sentido Portugal concretizaria mais uma importante conquista em sua hegemônica expansão marítimo-comercial.
Oscar Pereira da Silva (1865-1939) também retrata a chegada de Cabral ao Brasil, através da obra “desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro”. Os conquistadores chegaram em 13 caravelas no Monte Pascoal, dando assim certa consolidação do que fora assinado no Tratado de Tordesilhas em 1494.

DESEMBARQUE DE PEDRO ÁLVARES CABRAL EM PORTO SEGURO – OSCAR PEREIRA DA SILVA – 1922
O pintor Cândido Portinari (1903-1962) na obra “O Descobrimento do Brasil”, atenta para uma visão que demonstra quais seriam os impactos causados pela conquista européia em Território Brasileiro. Ao chegarem à Ilha de Vera Cruz em 22 de abril de 1500, primeira denominação dada ao Brasil, a esquadra de Cabral encontrou nossos primeiros habitantes.
Antes, porém de Cabral, outros dois grandes navegadores estiveram no Brasil: o espanhol Vicente Pizón teria chegado a Ponta do Mucuripe no litoral cearense no dia 26 de janeiro de 1500 e o português Duarte Pacheco que teria chegado ao Brasil ainda em 1498. Considerado o maior cosmógrafo de seu tempo, Pacheco foi árduo defensor do Tratado de Tordesilhas, e praticamente assegurou o domínio de nossas terras aos portugueses.
De volta a Portugal parte a esquadra de Cabral que chegara reduzida a mais da metade, visto que algumas naus foram devoradas por grandes tempestades marítimas. O primeiro navio de sua esquadra chega no dia 23 de junho de 1501 e finalmente Cabral é recebido por D. Manuel em 21 de julho do mesmo ano em Lisboa.
Os indígenas, oriundos do continente asiático, chegaram ao Brasil durante um longo processo histórico que se estendeu aproximadamente de 40 a 60.000 anos AC. Os Alóctones, possivelmente teriam se deslocado através do estreito de Bering. Após a conquista, os indígenas passarão por um longo período de escravidão, trabalhando no que seria o primeiro ciclo econômico brasileiro: o Pau-Brasil.
Durante o processo de escravidão indígena, Frei André Thévet, Frade Franciscano Frances, realizou diversas ilustrações quando esteve no Brasil em viagens realizadas durante o século XVI.
“A Carta do Achamento do Brasil”, escrita por Pero Vaz de Caminha entre 26 de abril a 02 de maio tornou-se relevante documento de estudo da historiografia para melhor compreendermos a trajetória da chegada dos portugueses no Brasil. As 27 páginas de papel foram entregues a Dom Manuel I por Gaspar de Lemos.
Quatro dias depois da chegada de Pedro Álvares Cabral no Brasil, exatamente num domingo de páscoa, foi celebrada a primeira missa no Brasil pelo Frei Henrique Soares Coimbra em Porto Seguro na Bahia. A missa foi retratada pelo pintor Victor Meirelles (1832-1903), irmão do também pintor Aurélio de Figueiredo. O pensamento cristão dominante está representado pela cruz, em paralelo a aceitação e curiosidade indígena demonstrado na tela.

PRIMEIRA MISSA NO BRASIL – VICTOR MEIRELLES – 1860
A Primeira Missa foi também retratada por Cândido Portinari. Desta feita na visão do artista plástico brasileiro, a primeira missa não fora oferecida a todos, mas apenas a uma elite dominante formada por religiosos, comerciantes e integrantes da coroa portuguesa.

A PRIMEIRA MISSA – CÂNDIDO PORTINARI – 1948
Observemos agora outras visões de pintores europeus que remontam o pensamento da conquista do Novo Mundo. Na pintura “Adoração dos magos”, atribuída a Vasco Fernandes, o Grão - Vasco, oriunda do Retábulo da Capela Mor da Sé de Viseu, datada de 1505, um índio participa ativamente deste cenário religioso na adoração ao filho de Deus. O Tupinambá, apesar da flecha e o cocar, aderiu em pouco tempo às tradições religiosas européias. A amostra bíblica também exalta Pedro Álvares Cabral de joelhos fazendo seus agradecimentos.
Na obra “O Inferno”, podemos observar os castigos provenientes do Santo Ofício, tais como, cabelos de mulheres sobre brasas ardentes e outros mergulhados num imenso caldeirão sob o fogo. No trono do inferno podemos ver um índio comandando as condenações, enquanto outros indígenas são aqui retratados como uma mistura feita ao demônio.

O INFERNO – ÓLEO SOBRE MADEIRA – AUTOR IGNORADO – PRIMEIRA METADE DO SÉC. XVI

MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA – LISBOA
Estima-se que cerca de 15 milhões de indígenas tenham sido exterminados com a conquista européia no continente americano. Este extermínio é considerado como um dos maiores genocídios cometidos contra a humanidade.
O historiador Boris Fausto ao falar sobre a população ameríndia na época da chegada dos europeus informa que: “podemos distinguir dois grandes blocos que subdividem essa população: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis estendiam-se por quase toda a costa brasileira, desde pelo menos o Ceará até a Lagoa dos Patos, no extremo sul. Os tupis, também denominados tupinambás, dominavam a faixa litorânea, do norte até Cananéia, no sul do Estado de São Paulo; Os guaranis localizavam-se na bacia Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananéia e o extrema sul do que viria a ser o Brasil, Apesar dessa localização geográfica diversa dos tupis e dos guaranis, falamos em conjunto tupi-guarani, dada a semelhança de cultura e de língua.
A partir de 40.000 anos AC, populações indígenas começaram a reinventar nosso território. Com a chegada dos europeus a reinvenção continuou, agora sob uma nova visão de colonização e exploração, de uma mentalidade opressiva e de uma reacionária espoliação social. Os capitais nacional e internacional ainda promove o surgimento da miséria, da mortalidade infantil, das chacinas e dos desalojados. Neste sentido, o Brasil precisa ser reinventado a cada dia, através de ações que coíba o proliferar da corrupção. O Brasil precisa ser adotado por nós brasileiros, sempre ao lado de uma carta magna que propicie a nossa gente, mais saúde e educação, mais segurança, saneamento básico e moradia, e uma melhor distribuição de renda para seus filhos e filhas: Viver com dignidade.
Desta forma, podemos dizer, conforme relata Coli, que “Nossa abordagem visou sempre à relação espectador-obra. Apesar das lacunas e defeitos inevitáveis num texto sucinto e geral como este, se conseguimos alertar o leitor para alguns problemas, se ele descobriu uma ou outra coisa nova, se alguma interrogação sobre o objeto artístico surgiu em seu espírito, então acreditamos que nosso tempo não foi perdido, nem o dele.”

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