Páginas

quarta-feira, 25 de março de 2015

Língua Portuguesa: o que cai no ENEM?


Encontrei um material muito bom no site Conversa de Português (site aqui)


 
O  Exame  Nacional do Ensino  Médio acontecerá  nos  dias  8 e 9 de  novembro; faltam, portanto, poucos  meses! O período de  inscrições  terminou e agora  o candidato  precisa  se preocupar com algo fundamental para o seu sucesso no Exame: o  que estudar  para  cada  disciplina! Quais  são as competências e  habilidades exigida  na prova de  Linguagens  e Códigos? Quais são  os  pontos  mais  recorrentes nas   questões de  Língua  Portuguesa e  Literatura  Brasileira?
Em  junho de  2012,  publicamos  aqui as  competências e  habilidades referentes ao  que  se  espera do candidato durante  a  prova de  Linguagens, Códigos e  suas  Tecnologias (grande área da disciplina Língua Portuguesa, de acordo com o  previsto na Lei de  Diretrizes e Bases da  Educação Nacional).  Veja  algumas delas:
Competência de área 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
Competência de área 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
De acordo com  uma  matéria  publicada pelo  site  Universia em  16 de  abril de  2012, os assuntos  que  mais aparecem  na prova de  Língua Portuguesa são: interpretação de texto,  Modernismo,  Gramática, Variação linguística e  Funções da linguagem.  Nós conferimos as várias  provas do ENEM! Veja  abaixo nossa  análise  sobre a recorrência desses  pontos e a resolução de  uma questão  relativa a cada um deles.

Interpretação de texto 

Ao contrário do que muita  gente pensa,  interpretar um texto   não tem   nada a  ver com opinar sobre o texto  ou – o  que  é  pior –adivinhar o  que  o  autor quis dizer!  Uma  boa leitura  interpretativa está relacionada ao  que, de fato, está expresso no texto   e ao contexto de  sua produção. Devemos  pensar sobre  os  seguintes aspectos:
  • Contexto histórico-literário. Considere a  escola   literária (Se  o texto dado  for literário,  obviamente!).
  • Gêneros  textuais e  modalidades  discursivas. Cada  Gênero textual tem a  sua estrutura e  perceber  isso  influencia a leitura e o entendimento do texto.
  • Vocabulário utilizado. Aqui cabe  observar se o texto é predominantemente denotativo ou  conotativo; isto é, a escrita é objetiva ou  predominam  expressões  que remetem  a  diversos  significados?

(ENEM  2013)
Texto I
Andaram  na  praia,  quando saímos, oito  ou dez deles; e daí a  pouco,  começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia,  à  praia, quatrocentos ou  quatrocentos e  cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que  todos   trocaram por carapuças ou  por  qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão  bem-dispostos, tão  bem feitos e galantes com  suas tinturas que muito agradavam.
(CASTRO, s.  A carta de Pero Vaz de  Caminha. São Paulo:  L&PM, 1996. (fragmento))
Texto  II



(PORTINARI. Descobrimento do Brasil.  1956. Óleo sobre tela. 199X169 cm.
Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a  carta de  Pero Vaz de Caminha e  a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos  textos, constata-se que
(A) a carta de Pero Vaz de Caminha representa  uma das  primeiras  manifestações artísticas dos  portugueses  em  terras  brasileiras e preocupa-se apenas  com a  estética literária.
(B) a tela de  Portinari  retrata  indígenas  nus com corpos  pintados, cuja  grande satisfação  é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de  uma linguagem  moderna.
(C) a carta,  com testemunho  histórico-político, mostra o  olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em  primeiro plano a inquietação dos  nativos.
(D) as duas produções, embora  usem linguagem diferentes — verbal e  não verbal—, cumprem  a mesma função social e artística.
(E) a pintura e a carta de Pero  Vaz de  Caminha são manifestações de  grupos  étnicos  diferentes, produzidas  em  um mesmo  momento histórico, retratando a colonização.
Gabarito e comentário: LETRA C.  Esta  é  uma questão interpretativa que  não exige  muito  do candidato. Os  dois textos apresentam  os  pontos de vista do  colonizador e  do  colonizado. O primeiro descreve , em  primeira  pessoa, o  momento do desembarque dos  navegadores portugueses no  litoral brasileiro;  o  segundo  sugere a reação dos  indígenas  ao verem a  aproximação das  naus. Note a  expressão  corporal dos  indivíduos retratados   no  texto II: de   frente  para o  mar e apontando  para os  navios.

Modernismo

De  1998 a  2013, o ENEM  conteve cerca de  30 questões  referentes  a este movimento literário  e  não estamos contando as  outras disciplinas,  que também utilizam textos de autores como Carlos  D. de  Andrade e  João Cabral de Melo Neto.  Por que  a preferência da banca  por esse  período de nossa  literatura?  O  Modernismo surgiu como   um movimento de oposição a escolas   literárias  como  o Romantismo, o  Parnasianismo e o Simbolismo;  portanto, para  seu entendimento,  é  necessário conhecer  seus antecedentes  literários e  observar  características estéticas e  temas propostos. Você  pode conferir as questões de  98 a  2012  neste  link (Será aberta  a  nossa  pasta do OneDrive).
(ENEM 2000)

“Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
[cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
[…]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
(A) critica o lirismo louco do movimento modernista.
(B) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
(C) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
(D) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.
(E) propõe a criação de um novo lirismo.
Gabarito e comentário:  LETRA E. O Modernismo  propunha experimentação estética, a exemplo do que fora feito durante as  Vanguardas Europeias. “Lirismo comedido” e “lirismo funcionário  público” remetem à quebra de paradigmas na elaboração do texto poético. 

Gramática

Gramática  é um termo genérico para  fazer  referência  àquilo  que  aparece nos editais como norma culta da língua  portuguesa: fonética,  morfologia, sintaxe e semântica.  Tradicionalmente, o  Exame não privilegia questões  como  classificação de  orações  ou abordagens  semelhantes, mas veja  abaixo o  que  aconteceu na  prova de  2013: 
(ENEM 2013)
Mafalda2013
Nessa  charge,  o recurso morfossintático que  colabora para o efeito de  humor está indicado pelo
(A) emprego de  uma oração adversativa, que  orienta  para a  quebra de  expectativa no final.
(B) uso de  conjunção aditiva, que  cria  uma relação de  causa e efeito entre as  ações.
(C) retomada do substantivo “mãe”, que desfaz a ambiguidade dos sentidos a ele atribuídos.
(D) utilização da forma pronominal “la”, que reflete um tratamento formal em relação à mãe.
(E) repetição da forma  verbal “é”, que  reforça a relação de adição existente entre as  orações.
Gabarito e comentário: LETRA A. O  enunciado expõe  a importância das  conjunções coordenativas  para  a construção  dos  sentidos do texto; é, ao mesmo tempo, uma  questão sobre sintaxe e coesão textual. O  candidato precisa lembrar  de que as  coordenativas (conjunções ou  orações)  introduzem a  ideia de contraste.   O  texto inicial do  quadrinho (“A preguiça  é  a  mãe  de  todos  os vícios…”) sugere  que  o personagem faria  alguma  reflexão sobre o  ócio e, consequentemente,  teria alguma atitude  contrária  à preguiça. O  que  acontece,  no entanto, como quebra  de  expectativa é a  sua obediência a uma  outra questão cultural: as  mães devem  ser  obedecidas.

Variação linguística

Este   não  é  um dos   temas  mais  discutidos  no  Ensino Médio e, infelizmente, costuma ser reduzido ao estudo superficial  das variedades  social, geográfica, histórica e  situacional.  Pode  não  parecer, mas  o preconceito linguístico também  pode  ser  abordado sob  esse  “rótulo”. Veja  o  que  escrevemos  sobre o assunto, clicando  neste  link
(ENEM  2006)
No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte da cena:
Não se conformou: devia haver engano. (…)Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.
(Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91. ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.)
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário. Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
(A) “e Fabiano perdeu os estribos”
(B) “entregando o que era dele de  mão beijada”
(C) “não se conformou: devia  haver  engano”
(D) “Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou”
(E) ““Passar a vida inteira assim no toco”
Gabarito e comentário: LETRA C. Ao compararmos o trecho  “Não se conformou: devia haver engano” aos demais escolhidos pela banca, observamos a ausência de expressões informais que aparecem  nas outras alternativas, como “toco”, “mão  beijada”, “amunhecou”.

Funções da  linguagem

Embora,  não seja muito frequente na  história do Exame,  a  prova aplicada em 2009 continha seis  questões sobre o assunto. Para identificar a função de  um texto,  podemos  dizer  que é  preciso  pensar na  seguinte pergunta:  qual o objetivo deste   texto? É   bom lembrar, ainda, que  a cada função da linguagem corresponde um elemento da comunicação. Confira  neste  link.
(ENEM 2010)
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo configurações específicas,  formais e de conteúdo. Considerando o contexto  em que circula o texto publicitário,  seu objetivo  principal  é
(A) influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo.
(B) defender a importância do conhecimento da informática pela população de baixo poder aquisitivo.
(C) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas classes sociais economicamente desfavorecidas.
(D) definir regras de comportamento social pautadas no combate ao consumismo exagerado.
(E)  questionar o fato de o homem ser mais inteligente do que a máquina, mesmo a mais moderna

Gabarito e comentário: LETRA A.  A função apelativa da linguagem predomina no texto. Ela se caracteriza  pelo apelo  ao destinatário. Sua marca gramatical  mais evidente é  o  uso do  verbo  no  imperativo.
Fique atento!  Não se esqueça de  que estes  são os assuntos  mais  comuns  na  prova de  Língua Portuguesa do ENEM.  Dedique-se  a eles, mas   não deixe  de estudar outros  pontos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua dúvida ou sugestão.