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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Parágrafos de desenvolvimento da dissertação - Estratégias argumentativas

Olá, pessoal,

Encontrei um material muito bom sobre Estratégias Argumentativas. Falei AQUI sobre a Introdução e agora, NESTE LINK, você encontrará material para continuar sua redação, ou seja, fazer os parágrafos de desenvolvimento.

Após a leitura, é importante que você tente fazer os seus parágrafos de desenvolvimento.                                                                           

Bom trabalho.

Vamos redigir?


Tema para dissertação: Consumo consciente da água
 
Como vimos em São Paulo e nordeste neste ano, o Brasil tem enfrentado sérias crises de falta de água. A que pode ser atribuído esse fato? Seriam as mudanças climáticas? Desmatamentos? É possível amenizarmos a escassez de água? Como melhorar a gestão da água e reduzir seu consumo

Diante desta realidade, redija um texto dissertativo-argumentativo com o tema: Consumo consciente da água.

Para este trabalho, reúna argumentos com leitura do material abaixo:
Leia aqui.
Leia aqui.
Leia aqui.

Veja redações corrigidas sobre este assunto neste site.

Obs.: Se você é aluno do CEEJA de Espigão do Oeste, leve seu texto para os professores corrigi-lo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

2 - Como planejar um texto dissertativo

 
Vamos a mais uma postagem sobre texto dissertativo. Hoje falaremos sobre o parágrafo introdutório. 


Antes de começar um texto, lembre-se de uma coisa:



Parágrafo introdutório

  "Eu não sei como começar a minha redação". Quantas vezes você já não disse isso?
  É verdade. Essa tarefa pode tornar-se difícil, se você não parar um pouco para pensar sobre o que vai escrever, principalmente se você tem de produzir um artigo de opinião. Como você já sabe, em um artigo de opinião você expõe o que pensa sobre determinado assunto, com a intenção de convencer os leitores de seu texto a aderir à sua ideia. Portanto, é fundamental escolher bem seus argumentos, caso contrário, não conseguirá essa adesão.
O parágrafo introdutório é o norteador de toda a estrutura dissertativa, aquele que carrega uma ideia nuclear a ser utilizada de maneira pertinente em todo o desenvolvimento do texto. A introdução deve ser feita em apenas um parágrafo (nunca mais que um) e deve conter aproximadamente 5 linhas.

Para encontrar uma maneira interessante de iniciar seu texto, é importante que você pense previamente sobre tudo o que pretende escrever. Faça-se as seguintes perguntas:
  • O que penso sobre esse assunto?                                                         
  • Que ideias tenho a respeito dele?  
  • Quais as causas disso?
  • De que forma isso acontece?
  • Em quais setores? 
  • Quais as conseqüências disso?
  • O que pode ser feito para sanar o problema?                                  
 Se, ainda assim, a ideia para iniciar seu texto não lhe vier à mente, se lhe faltarem as palavras, faça uso de algum dos seguintes artifícios:
 
1. Apresente uma afirmativa e já dê pistas de que discordará dela, ou amplie-a, revelando uma outra abordagem para ela.
 
Ex.: Mais flexível que outros povos, o brasileiro consegue, com um jeitinho aqui, outro ali, sair--se bem das mais diferentes situações. Conhecido internacionalmente, o jeitinho brasileiro faz parte da identidade nacional e, para a grande maioria, é motivo de orgulho. O que se percebe, no entanto, é que essa característica, em lugar de ser incentivada e elogiada, deveria ser abolida, pois está associada, no Brasil atual, a relações muito pouco honestas e respeitosas.
 
2. Apresente uma afirmativa e dê pistas de que apresentará os pontos positivos e os pontos negativos dela.
 
Ex.: Mais flexível que outros povos, o brasileiro consegue, com um jeitinho aqui, outro ali, sair-se bem das mais diferentes situações. Conhecido internacionalmente, o jeitinho brasileiro faz parte da identidade nacional. Se, por um lado, essa característica revela a criatividade e a picardia do povo brasileiro, por outro, pode ser avaliada negativamente, pois traz sérias implicações éticas no que se refere à vida política e às relações pessoais no cotidiano.
 
3.    Apresente uma afirmativa e discorra sobre ela, confirmando-a.
Ex.: Mais flexível que outros povos, o brasileiro consegue, com um jeitinho aqui, outro ali, sair-se bem das mais diferentes situações. Conhecido internacionalmente, o jeitinho brasileiro faz parte da identidade nacional e é motivo de orgulho. Ele revela criatividade, tolerância e capacidade de lidar com os imprevistos.
 
4.    Apresente uma afirmativa e relativize-a, questione-a.
Ex.: "Uma nova geração de profissionais está assumindo cargos importantes dentro das empresas brasileiras. Tecnicamente bem qualificada, essa geração tem ocupado rapidamente o nível médio das organizações. Enquanto isso sonha com o topo. Mas será que qualificação técnica será suficiente no futuro?" (VOCÊ S.A. jul. 2001, p. 23.)
 
5.    Apresente um fato e dê pistas de que abordará as causas dele.
Ex.: Nove milhões de brasileiros vivem em bolsões de pobreza. O direito humano a uma alimentação adequada, à moradia, à saúde é desrespeitado todos os dias neste Brasil de contrastes. A falta de sensibilidade política, social e ética, evidente nas políticas estabelecidas em gabinetes, e a impunidade em relação aos que desviam os recursos do país são as principais causas da violação desse direito.
 
6.    Apresente uma afirmativa com base numa ocorrência (condição) que pode embasar sua argumentação.
Ex.: Se, com dezesseis anos, os jovens podem, por meio do voto, decidir o destino da nação e são considerados maduros o suficiente para escolher uma profissão para o resto da vida, nos exames vestibulares, deveriam ter também direito a dirigir, uma vez que o grau de responsabilidade decorrente dessas ações é o mesmo.
 

Fonte: http://www.tudonalingua.com/news/disserta%C3%A7%C3%A3o-texto-introdutorio%E2%80%93-como-fazer-/

 

Bons estudos e aguarde as próximas postagens sobre DISSERTAÇÃO.

Funções da linguagem - Questões de ENEM






1)Questão 127 – Enem 2012 – Prova amarela 
 
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).

Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois

A) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
B) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
C) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
D) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
E) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.

2)Questão 97 – Enem 2010 – Prova azul 
 
A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se desenvolvem os seres vivos, se divide em unidades menores chamadas ecossistemas, que podem ser uma floresta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de organismos dentro dele, controlando sua reprodução, crescimento e migrações.
DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Predomina no texto a função da linguagem:
A)emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia.
B)fática, porque o texto testa o funcionamento do canal de comunicação.
C)poética, porque o texto chama a atenção para os recursos de linguagem.
D)conativa, porque o texto procura orientar comportamentos do leitor.
E)referencial, porque o texto trata de noções e informações conceituais.

3)Questão 99 – Enem 2010 – Prova azul 
 
S.O.S Português
Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se refletir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa que a fala, e seu ensino restringe-se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso.
S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº- 231, abr. 2010 (fragmento adaptado).

O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identificam-se marcas linguísticas próprias do uso:

A)regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil.
B)literário, pela conformidade com as normas da gramática.
C)técnico, por meio de expressões próprias de textos científicos.
D)coloquial, por meio do registro de informalidade.
E)oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade.


Gabarito
1)B
A função emotiva ou expressiva é predominante no texto pois os sentimentos do autor se sobrepõem ao conteúdo informativo. Percebemos isso pela emoção do eu-poético que, já no título, diz se tratar de um desabafo, e no final do texto, fala de seu nervosismo.

2)E
O texto conceitua de forma científica a biosfera e as unidades menores que a compõem, os ecossistemas.

3)C
O texto é marcado pela função metalingüística, uma vez que apresenta alguns termos técnicos dessa área, como língua, fala e código.

Adequação linguística - Questões de ENEM


Linguagem coloquial, popular, formal, informal


Observe como a questão da adequação linguística já foi abordada na prova de Linguagens e Códigos do Enem:


Questão 127, Enem 2010 (Abordagem sobre a norma culta)

Venho solicitar a clarividente atenção de Vossa Excelência para que seja conjurada uma calamidade que está  prestes a desabar em cima da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças, atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas funções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe. Ao que dizem os jornais, no Rio de Janeiro, já estão formados nada menos de dez quadros femininos. Em São Paulo e Belo Horizonte também já estão se constituindo outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que em  todo o Brasil estejam organizados uns 200 clubes femininos de futebol: ou seja: 200 núcleos destroçados da  saúde de 2,2 mil futuras mães, que, além do mais, ficarão presas a uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes.
Coluna Pênalti. Carta Capital. 28 abr. 2010.


O trecho é parte de uma carta de um cidadão brasileiro, José Fuzeira, encaminhada, em abril de 1940, ao então presidente da República Getúlio Vargas. As opções linguísticas de Fuzueira mostram que seu texto foi elaborado em linguagem


a) regional, adequada à troca de informações na situação apresentada.
b) jurídica, exigida pelo tema relacionado ao domínio do futebol.
c) coloquial, considerando-se que ele era um cidadão brasileiro comum.
d) culta, adequando-se ao seu interlocutor e à situação de comunicação.
e) informal, pressupondo o grau de escolaridade de seu interlocutor.


Questão 106, Enem 2013: (Abordagem sobre a norma popular)


Até quando?
Não adianta olhar pro céu 
Com muita fé e pouca luta 
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer 
E muita greve, você pode, você deve, pode crer 
Não adianta olhar pro chão 
Virar a cara pra não ver 
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus 
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
GABRIEL, O PENSADOR. Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo).
Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento).


As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto:
a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet.
b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas.
c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias.
d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial.
e) originalidade, pela concisão da linguagem.


Questão 127
Gabarito: Alternativa “d”. 
Comentário da questão:
O texto é elaborado em linguagem culta, já que se trata de uma carta dirigida ao Presidente da República. Vemos, assim que a finalidade do texto justifica a escolha da linguagem.


Questão 106
Gabarito: Alternativa “d”.
Comentário da questão: A linguagem coloquial é mais espontânea. Essa característica é percebida também nas músicas de rap. 
 

Crase


Usamos o acento denotativo da crase, diante de locuções femininas. Abaixo, segue uma lista das mais usadas.

















Observações:
(1) À medida que” e “À proporção que” são locuções conjuntivas. As demais são adverbiais.
(2) A única locução adverbial que não9 leva crase é “a distância”. Entretanto, se vem determinada (...à distância de mil metros) trata-se de locução prepositiva e, nesse caso, será craseada.
(3) Em “à vista” e “à prestação” usa-se crase por força de tradição de seu emprego.



Exercícios

Nas frases seguintes, use o acento denotativo da crase, quando for o caso. Além das locuções femininas, outros casos estudados anteriormente serão cobrados no exercício.

a) A sua volta para a cidade trouxe alegria a seus amigos.

b) Quando percebeu que não havia mais ninguém a sua volta, sentiu-se abandonado.

c) A princípio não se sentiu confortável.

d) As ordens do diretor foram cumpridas.

e)Quando abriram as portas, os funcionários estavam as ordens para atender a clientela.

f) A tarde ensolarada fez com que todos saíssem as ruas.

g) A sua vontade de viver tem sido decisiva par a sua recuperação.

h) Sabemos que venceu porque fez valer a vontade interior.

i) Sentada a vontade dava a impressão de que não se interessava pelo assunto.

j) Resolveu que a partir daquele dia agiria as claras.

k) As lembranças se tornam mais fortes, quando brilham as claras tardes de verão.

l) As vezes que corri ao prêmio, nem lhe conto.

m) As vezes, para ganhar, é preciso perder antes.

n) Maria fazia as vezes da professora.

o) A distância a percorrer era de 300 metros.

p) Estávamos a distância de 300 metros.

q) Vi-o a distância.


Tente fazer este exercício, depois confira suas resposta no GABARITO aqui.


Boa sorte.

Achei neste site uma postagem interessante sobre esse conteúdo.


Estudo com Humor



a) No primeiro quadrinho temos a expressão "a primavera" e no segundo quadrinho temos a expressão "à primavera". Qual o sentido de cada expressão?


1º).............................................................................................................................
2º) ............................................................................................................................

b) No terceiro quadrinho, a que conclusão Mafalda chegou?
..................................................................................................................................

Veja nos comentários a resposta.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Resenha de Conto: A Cartomante, de Machado de Assis

A Cartomante, por Machado de Assis
Páginas: 7
Sinopse:
A cartomante é a história de um triângulo amoroso. Depois de anos de distância, Vilela reencontra o amigo Camilo e apresenta-lhe sua esposa, Rita. Paixão, traição e adultério fazem parte desta trama, que tem uma cartomante como personagem chave, selando o destino dos três.
A trama se desenvolve com três amigos: Camilo (protagonista), o Vilela e a Rita. Vilela e Rita são casados. Porém a jovem senhora (supersticiosa) mantém um caso amoroso secreto com Camilo, um cético (pelo menos a primeira vista).
Quando Camilo recebe um bilhete de seu amigo Vilela pedindo que fosse às pressas a sua casa, o protagonista decide consultar a misteriosa Cartomante (a quem Rita   confia) a fim de acabar com a suspeita de que Vilela, de alguma maneira, tenha descoberto seu romance com Rita.

Este conto reflete  a ansiedade humana de conhecer o futuro ou até controlar o que está fora do nosso controle.

O final é surpreendente!

Leia o conto aqui.


1 - Trabalhando o texto dissertativo


Pessoal, pretendo fazer aqui uma sequência de postagens que os orientem sobre o planejamento de um texto dissertativo. Mas, antes de iniciarmos nosso estudo sobre texto dissertativo-argumentativo, leia atentamente as informações abaixo:

Existe diferença entre texto expositivo e texto argumentativo?

A resposta para essa pergunta é sim. Há texto em que o autor apenas expõe informações sobre um assunto e, nesse caso, temos o texto dissertativo-expositivo. Entretanto, quando, além de expormos informações acerca de um assunto, nosso intuito é convencer o leitor, persuadi-lo a concordar com a ideia ou ponto de vista exposto (isso se faz por meio de várias maneiras de argumentação, utilizando-se de dados, estatísticas, provas, opiniões relevantes, etc), temos, então o texto dissertativo-argumentativo.
Compare os textos que seguem:

Texto 1:
O que é Filosofia?
A Filosofia é um ramo do conhecimento que pode ser caracterizado de três modos: seja pelos conteúdos ou temas tratados, seja pela função que exerce na cultura, seja pela forma como trata tais temas. Com relação aos conteúdos, contemporaneamente, a Filosofia trata de conceitos tais como bem, beleza, justiça, verdade. Mas, nem sempre a Filosofia tratou de temas selecionados, como os indicados acima. No começo, na Grécia, a Filosofia tratava de todos os temas, já que até o séc. XIX não havia uma separação entre ciência e filosofia. Assim, na Grécia, a Filosofia incorporava todo o saber. No entanto, a Filosofia inaugurou um modo novo de tratamento dos temas a que passa a se dedicar, determinando uma mudança na forma de conhecimento do mundo até então vigente. Isto pode ser verificado a partir de uma análise da assim considerada primeira proposição filosófica. (...)

Acesso em 19 set.2014.

Nesse texto, o autor apresenta informações sobre o assunto Filosofia por meio do uso de uma linguagem precisa, objetiva e impessoal. O objetivo é fazer com que o leitor considere as ideias coerentes e não fazê-lo concordar com elas. Trata-se, portanto de um texto dissertativo-expositivo.

Os caminhos e os novos desafios do sindicalismo no BrasilFatores como a flexibilização das relações de trabalho e as novas formas de gestão provocam o parcial desmantelamento dos sindicatos, que vem buscando novas alternativas de intervenção, negociação e organização para se manterem atuantes
Mercado de trabalho
Em meados do século XVII, a Inglaterra fez a sua Revolução Industrial. A partir desse momento, o mundo sofreu profundas transformações de ordem econômica, política e social. Na ordem econômica, pode-se destacar a consolidação do capital e, como conseqüência direta desse fato, a nítida separação entre os donos do capital (donos dos meios e modos de produção) e aqueles que vendiam sua força de trabalho em troca de salários.
Na ordem política, é possível destacar a ascensão da burguesia industrial que, juntamente com a burguesia mercantil, deu origem à burguesia financeira. Juntas, as burguesias, de lá para cá, desenharam os rumos da política econômica e social do Brasil e do mundo.
Na ordem social, hoje, de forma ainda mais expressiva, os reflexos são mais facilmente percebidos. Com o advento e introdução das máquinas no processo produtivo, o ser humano ficou submisso, perdendo, quase que totalmente, o domínio das etapas de produção de um bem/mercadoria. Essa realidade levou o trabalhador a depender da máquina e dos donos das máquinas.
De lá para cá, as máquinas se multiplicaram, tanto na sua funcionalidade quanto em sua quantidade, tornando-se as maiores concorrentes dos trabalhadores no mundo do trabalho. Cabem aqui alguns questionamentos: seriam as máquinas as culpadas pelo desemprego? Estaremos caminhando para uma sociedade sem empregos? Qual o futuro das organizações dos trabalhadores numa sociedade onde o emprego caminha para a extinção?(...)
Acesso em: 19 set.2014.
Observe que, neste texto, além de transmitir informações sobre o assunto abordado, o autor expõe seu posicionamento sobre alguns fatos. Para isso, o autor utiliza recursos como a COMPARAÇÃO (1ª linha: há uma comparação entre o hoje e o tempo passado).

Continuem acompanhando o blog e sigam a numeração desta sequência de postagens sobre DISSERTAÇÃO. 

Bons estudos.

E não esqueçam de ler muiiiito. Só assim vocês terão argumentos suficientes para fazer uma boa dissertação.  

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A Cartomante



Machado de Assis

Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras.
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
— Errou! Interrompeu Camilo, rindo.
— Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
— Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa.
— Onde é a casa?
— Aqui perto, na rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
— Tu crês deveras nessas coisas? perguntou-lhe.
Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muito cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita.
Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se, Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento; limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando.
Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.
Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura, e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo.
— É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.
Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vente e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição.
Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor.
Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela; era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; — ela mal, — ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente, e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração; não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam.
Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas.
Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram-se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato.
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu-a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: — a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo.
Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que era possível.
— Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com a das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a...
Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem, em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas.
No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera.
— Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, — repetia ele com os olhos no papel.
Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando na pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto.
Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas; ou então, — o que era ainda peior, — eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas, assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéa, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo.
— Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim...
Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar; a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino.
Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar a primeira travessa, e ir por outro caminho; ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a pouco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça:
— Anda! agora! empurra! vá! vá!
Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas; mas a voz do marido sussurrava-lhe às orelhas as palavras da carta: "Vem já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar... Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários; e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia..." Que perdia ele, se...?
Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para os telhados do fundo. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe:
— Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto...
Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo.
— E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
— A mim e a ela, explicou vivamente ele.
A cartomante não sorriu; disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez as cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas, três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela, curioso e ansioso.
— As cartas dizem-me...
Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou-lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável mais cautela; ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita... Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta.
— A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta levantou-se, rindo.
— Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato...
E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço.
— Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar?
— Pergunte ao seu coração, respondeu ela.
Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis.
— Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu...
A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo.
Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo.
— Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O presente que se ignora vale o futuro. Era assim, lentas e contínuas, que as velhas crenças do rapaz iam tornando ao de cima, e o mistério empolgava-o com as unhas de ferro. Às vezes queria rir, e ria de si mesmo, algo vexado; mas a mulher, as cartas, as palavras secas e afirmativas, a exortação: — Vá, vá, ragazzo innamorato; e no fim, ao longe, a barcarola da despedida, lenta e graciosa, tais eram os elementos recentes, que formavam, com os antigos, uma fé nova e vivaz.
A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.
Daí a pouco chegou à casa de Vilela. Apeou-se, empurrou a porta de ferro do jardim e entrou. A casa estava silenciosa. Subiu os seis degraus de pedra, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
— Desculpa, não pude vir mais cedo; que há?
Vilela não lhe respondeu; tinha as feições decompostas; fez-lhe sinal, e foram para uma saleta interior. Entrando, Camilo não pôde sufocar um grito de terror: — ao fundo sobre o canapé, estava Rita morta e ensangüentada. Vilela pegou-o pela gola, e, com dois tiros de revólver, estirou-o morto no chão.

Este conto foi publicado originalmente na
Gazeta de Notícias - Rio de Janeiro, em 1884. Posteriormente foi incluído no livro "Várias Histórias" e em "Contos: Uma Antologia", Companhia das Letras - São Paulo, 1998, de onde foi extraído. Com esta publicação homenageamos Machado de Assis que, no dia 21 deste, estaria completando seu 172° aniversário.